Curt Nimuendajú

Curt Nimuendajú é iniciado numa tribo canela, Brasil Central, 1930-1939, © Curt Nimuendajú.
Nasceu em abril de 1883 na cidade alemã de Iena, batizado com o nome de Curt Unckel. Em dezembro de 1945, seu corpo foi enterrado em Santa Rita do Weil (AM) com o nome de Curt Nimuendajú.
Nesse período de 62 anos, o alemão que virou índio e escolheu a cidadania brasileira pesquisou mais de 40 grupos indígenas. Batizado em quatro tribos, enfrentou no mato fazendeiros armados e, nas capitais, nacionalistas xenófobos. Mesmo assim, continua pouco conhecido no seu país de adoção. Até hoje é, às vezes, lembrado como “o alemão“.
Autodidata, escreveu mais de 50 obras, criou e praticou o método considerado padrão na pesquisa antropológica contemporânea. Contudo, os louros da “observação participante” ficaram para um colega polonês.
Em 2014, completa-se o centenário da publicação de sua primeira obra – As lendas da criação e da destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapokuva-Guarani.
O Brasil oficial talvez nem lembre disso. Possivelmente, nem mesmo os descendentes dos companheiros que ele escolheu em vida irão celebrar essa data. Só que estes justamente pelo motivo contrário: em alguns grupos indígenas, Curt Nimuendajú continua vivo na memória do dia a dia.
Curt Nimuendajú é o pioneiro de um grupo de etnólogos que transformaram a metodologia da observação participante na práxis da participação observadora em favor dos indígenas e das populações não-indígenas próximas às tribos.